
Perguntas
Como a estrutura de "Ciclos" reflete a jornada da autora?
Sempre observei que minha vida, e a Vida, a Natureza é cíclica. Quando escrevo, o término de um poema é o início de outro, o término de um livro é o início de outro. A Morte gera a Vida e vice-versa. Como autora e como pessoa, não vejo minha caminhada como um começo, meio e fim, mas sim com começos, meios e fins, e, se pensarmos bem, estamos sempre em trânsito, sempre em transição, sempre no meio de um caminho, onde sempre uma ação termina e a outra se inicia, como pedaços pequenos, ciclos pequenos, dentro de um grande ciclo que é a própria Vida.
Quais são os temas centrais abordados em "Ciclos"?
Os diversos sentimentos humanos se metamorfoseando de “forma cíclica”. Questões existenciais, muitos questionamentos, dicotomias e paradoxos escritos de forma lírica, mas com um forte apelo à reflexão. Poesia reflexiva é como eu chamo a poesia do Ciclos.
Como a experiência de Renata Pignaton como educadora influencia sua escrita?
A vontade de me fazer compreendida, de fazer meus alunos sentirem e raciocinarem. Sou professora de matemática, mas quem só raciocina, não evolui tanto como quem, além do raciocínio, usa a imaginação e os sentimentos. A matemática “também sente”, quando olhada com criatividade pelos alunos que lhe emprestam vida.
Qual é a mensagem principal que "Ciclos" transmite aos leitores?
Saber deixar seus sentimentos coexistirem com suas questões existenciais, com seus raciocínios, pois um não está dissociado do outro, eles se complementam formando ciclos em nossas vidas.
De que forma o blog de poemas de Renata complementa sua obra em "Ciclos"?
Seria mais um ciclo. Novo? Não. Apenas a apresentação, sua aparência está se modificando, é apenas uma continuação dos meus Ciclos, uma apresentação de meu trabalho.
Quais são os idiomas em que Renata Pignaton domina e como essa diversidade linguística influencia sua escrita?
O Inglês, o espanhol e o Francês. Não sou profunda conhecedora dessas línguas, apenas tento falá-las e compreendê-las. As línguas expressam o “sangue” dos que as deixam correr em suas veias. Quando abrimos os ouvidos para outras línguas, abrimos também para outras culturas, e isso é extremamente enriquecedor para qualquer ser que resolve explorar a alma humana.
Qual é a importância da poesia na vida da autora, como mencionado na sinopse de "Ciclos"?
Eu preciso da poesia mais do que ela precisa de mim. Eu sou, em alguns momentos, viciada em escrever. Só não me considero uma “escrava da poesia”, porque na maior parte do tempo eu consigo me “descolar” do ato e fazer outras coisas que também me dão prazer.
Como os diferentes prêmios conquistados por Renata Pignaton na categoria de poesia influenciam sua abordagem literária?
Na verdade, nunca ganhei primeiros lugares, foram prêmios coletivos, tipo: os vinte primeiros lugares, que quer dizer: poder participar de alguns livros, de antologias. É “gostoso” saber que algumas pessoas gostaram do que você escreveu e que vai alcançar outros leitores, que poderão gostar ou não do que você publicou. Quando o “não” é bem-vindo, é porque você aprendeu a crescer e isso é mais importante do que ganhar prêmios.
Quais são os objetivos da autora ao criar uma estrutura poética tão complexa em "Ciclos"?
Não é tão complexa. Na verdade a estrutura não precisa ser compreendida para perceber seu efeito ao longo do livro. Ela precisa ser sentida, no ritmo, na sua “música interna”. Você não precisa ler música para dela gostar. O Ciclos apenas juntou os meus dois grandes “vícios”: música e escrita.
Como a experiência de viver e viajar por diferentes países moldou a escrita de Renata Pignaton?
Foi na solidão que eu vivi na Inglaterra e depois na Espanha que a minha vontade de escrever brotou. Estava acompanhada, mas sozinha no dentro de mim. Viajando pude me conhecer e conhecer pessoas incríveis, que me inspiraram muito, além, obviamente, de ter conhecido culturas riquíssimas e muito mais antigas e enraizadas do que a nossa cultura brasileira. Resolvi escrever para o Mundo, e não só para ser entendida na minha nação, na cultura de minha terra natal.
Em que medida a experiência como artista plástica se integra à expressão poética de Renata?
Algumas de minhas poesias são muito visuais como as da coletânea, que estou fazendo, poetizando os quadros de Van Gogh. Não sou boa pintora, não consigo “poetizar” meus quadros, não consigo sublimar. Com algumas exceções, como o quadro intitulado “O POETA”, que foi um dos poucos onde eu realmente consegui um resultado harmônico e visualmente atraente. E Tinha que ser o poeta!
Qual é a mensagem que Renata Pignaton deseja transmitir aos leitores através do seu blog de poemas?
“Leia, sinta e reflita”. Não tenha medo de ler, sentir e nem de refletir. E se possível: escreva!
Como a prosa poética de Renata se diferencia de sua abordagem em poemas nos livros?
Os meus três primeiros livros foram na forma “poesia tradicional”. No Ciclos já há uma diferença, um novo caminho que aos poucos estou percorrendo, em direção a textos maiores, sem o “formato poesia”. Eu diria que, hoje em dia, tenho escrito mais prosa poética do que poesia. Estou mais livre dentro da prosa, estou encontrando uma nova maneira de me expressar.
Como os temas abordados em "Ciclos" refletem os princípios educacionais defendidos pela autora?
Creio num ensino mais livre, voltado à criatividade e isso significa, menos “decoreba” e mais criação. O Ciclos defende a coexistência do sentir e do pensar, a educação também deveria focar em um ser humano mais inteiro e não todo “picado”. Somos raciocínio, mas também somos sentimentos e na fusão dos dois vem a criatividade.
Quais são os principais elementos que os leitores podem esperar encontrar no blog de Renata Pignaton?
Poesias bem tradicionais e diria até infantis, que escrevi há muitos anos, quando meus valores e crenças ainda eram outros. Poesias longas, curtas, eventualmente até com erros propositais ou não, mas que são minhas e que agora vou passar à diante. “Vamos fazer a poesia circular!” Penso também em fazer uma sessão dedicada a textos poéticos ou não, porém mais atuais. Quando me refiro a atuais, não são somente os textos, mas também os temas destes novos escritos. Penso, mais para frente, dar um curso de poesia para crianças, mas por enquanto é só um pensamento.
Quais são os desafios de escrever um livro poético contínuo, como "Ciclos"?
Quando escrevi o Ciclos, a parte mais complicada foi administrar o tempo. A escrita se tornou “urgente” eu precisava escrever rápido não só para não perder a ideia, mas também para não perder os sentimentos envolvidos na minha alma naquela hora, dando o efeito “cíclico”, tão almejado, ao livro. O tempo da escrita é essencial para produzir uma poesia contínua de aproximadamente quatrocentas páginas, como o Ciclos.
De que forma o trabalho de coordenação pedagógica e o ensino de crianças e adultos com necessidades especiais se refletem na obra de Renata Pignaton?
Sempre tive admiração por pessoas muito inteligentes racionalmente, mas quando conheci estes jovens, os quais a sociedade classifica como “incapazes”, chamando-os agora de especiais, o foco de minha admiração mudou totalmente. Passei realmente a “venerar” muitos destes jovens, incapazes de, às vezes, amarrar o próprio tênis, mas que lidam com o mundo de forma tão criativa e tão cheia de sentimentos, e que amam tanto, que chega a me emocionar. Percebi, então, a importância dos sentimentos e da poesia.
Eu escrevia, mas não sabia a importância de transmitir os sentimentos através dos versos... Eles é que, mesmo sem saber, deram um sentido à minha escrita.
Quanto à coordenação pedagógica, foi uma experiência maravilhosa, mas como se deu na época da Pandemia, a tristeza de ver o Mundo aterrorizado por um vírus, permeou todo o meu trabalho. Foi uma época muito triste. Mas a tecnologia empregada no meu trabalho como coordenadora, as Lives, as reuniões virtuais, as aulas virtuais, acabaram modificando a forma de apresentar a minha escrita, mas não o seu conteúdo.
Como a autora define a importância da empatia e compaixão em sua escrita?
Não sou daquelas que escrevem pensando se os outros vão entender. Porém, se eu não tivesse dentro de mim, a capacidade de sentir empatia e compaixão, meus poemas correriam o risco de acabar num vazio, atingindo ninguém . Mesmo que eu não escreva preocupada com o que o mundo vai pensar, não justifica ter de ignorar o mundo e ter uma escrita totalmente narcisista e desligada dos outros.
Qual é a relação entre a estrutura matemática dos ciclos em "Ciclos" e a narrativa poética apresentada?
A estrutura matemática do Ciclos, foi feita apenas para dar uma forma estrutural cíclica ao poema inteiro (é um único poema), gerando um ritmo e uma harmonia musical interna ao livro. Além de ter seu conteúdo narrado num formato descrito matematicamente pela pirâmide apresentada no início, os sentimentos, as questões existenciais, os paradoxos, tudo no texto é colocado de forma a fazer ciclos internos e fechando, no final, o grande ciclo que é o próprio livro.
De que maneira os leitores são convidados a se engajar com os textos do blog de Renata, segundo o lema "leia, sinta e reflita"?
Por favor, percam o medo de ler, de sentir e de refletir.
A vida é muito curta para vive-la dominado pelo Medo! Prestem atenção aos outros. Tenham empatia, tenham compaixão, viver isolado do mundo por Medo e Ansiedade, é um abismo, uma cova para se enterrar antes da morte física, num suicídio mental.






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