NUA
- Renata Pignaton

- 2 de nov. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 20 de abr. de 2024
Gostaria de poder escrever no escuro.
Só perdida em meu mundo,
sem luz de inibição,
é que posso ser sincera.
O que me irrita quando escrevo,
é que muitas vezes perco a sinceridade no papel,
essa matéria de infância e sexualidade.
Quando meus olhos fechados
se afundam no colo de minha cama,
o que realmente me toca vem à tona.
Às vezes eu choro para acalmar o sentido pensamento,
às vezes penso até suar a fronha.
Outras tomo remédio para dormir.
Tive que acender o abajur
e a insegurança já me trava.
Medo de perder o que ainda nem possuo.
Algumas vezes fui eu mesma sob a luz,
mas foi sob a luz fria das estrelas.
Sozinha, com a garantia de permanecer só
é fácil ser despida.
Difícil foi quando andei nua no meio de gente.
Estava cercada, mas não me vesti, enfrentei-me.
Só há duas situações em que nunca uso vestimentas:
Quando repousando no berço de minha alma,
quando deitada na cama dos amores fundidos.
CALEIDOSCÓPIO 1998
CAPÍTULO: PEQUENAS FACES






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