ACALANTO
- Renata Pignaton

- 25 de mai. de 2024
- 1 min de leitura
Quando eu falo com todo o meu corpo:
- Deus eu tenho bocas a alimentar!
A morte vai correndo beber água,
deixando meu corpo tenso esfriar.
Em união corporal, boca, olhos, mãos
Expressam-se com a lógica pura dos sentidos unidos.
Verdade exaltada dos sentimentos.
Por um momento,
a simplicidade aparece em toda a sua confusão,
histérica desordem.
A união corporal mostrando a desunião visceral.
Morte vá embora!
Deixe-me em paz!
Nem é o fato de não poder mais existir que me assusta,
é o de eu nunca mais poder ver os que de mim necessitam.
Quando ela circula,
a saudade me come a medula.
Um frio quente me toma os pés.
Deus, eu tenho filhos para amar.
Pessoas:
bebês esfomeados que precisam dos outros.
Como posso dar conta das contas humanas.
tenho que dormir um pouco.
Não há chance.
Não há a menor chance.
Obrigação é obrigação.
O amor é obrigação.
Cuido para poder ser cuidada.
E quando odeio também posso ser odiada.
Espero efeitos de espelho
e ganho multiplicação.
Diferenças, mínimas porcentagens genéticas,
um caminhão de diferenças.
Falta de comunicação.
“Vamos caminhar na praia,
eu vou te mostrar o mundo,
o meu, o teu,
dá-me a mão.”
A natureza que espere
aquele sôfrego minuto,
onde os animais resfolegam
assustados com os corpos se unindo.
Sintonia.
“Bebê, para de chorar.”
“Deita aqui mamãe vai te ninar.”
CALEIDOSCÓPIO 1998
CAPÍTULO: PEQUENAS FACES






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