FEROCIDADE
- Renata Pignaton

- 7 de jul. de 2024
- 1 min de leitura
Muitas vezes sou dominada sem saber.
Os outros é que veem meus olhos estatelados,
vermelhos de ódio, pelo quê?
Eu também não sei.
Você odeia tudo em que crê.
Pobre animalzinho feroz,
nem posso amansá-lo
você foge sem querer.
Poderia afagá-lo um pouco
Perguntar: por que está sempre tão afoito?
Você não se deixa ver.
Aparece de repente
Domina minha mente,
faz tudo: arrasa, destrói, constrói.
Vai embora deixando poeira,
que eu respirarei depois.
Na clareira, sentada, abobada
faço fogueira que o chama,
que o espanta.
Mas você só vem quando quer.
Eu permaneço boquiaberta,
estarrecida com seus atos.
Creio na sua existência,
esperando sua volta incerta.
Sempre dormindo é que sou pega.
Presa nos seus dentes pela aorta,
não tenho mais como escapar
estou quase morta.
CALEIDOSCÓPIO 1998
CAPÍTULO: PEQUENAS FACES






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