PEQUENO UNIVERSO
- Renata Pignaton

- 5 de mai. de 2024
- 1 min de leitura
Uma gota reluzente de água no mármore.
Prisma líquido pouco digno de nossa atenção,
Não posso através da visão,
atribuir-lhe mais do que um brilho incômodo.
Minha mão anseia limpá-la do piso
como sujeira mais limpa que o próprio chão.
Transformá-la em umidade.
Gotículas invisíveis,
mas que tocadas lambem o tato.
Sensação molhada.
Ao invés de quebrar sua plácida forma,
ficarei aqui sentada,
vendo seu lento desaparecimento
sob a luz da manhã.
Seus habitantes invisíveis
nadando no oceano de suas águas.
Parece um espanto o que você esconde silenciosa!
Indefesa diante de pés tão maiores que sua extensão.
Talvez eu me sentisse mais à vontade se você gritasse.
Eu tenho medo daqueles que sofrem calados.
Mas será que há dor em seres tão minúsculos?
Claro que sim.
Não há dor em mim,
pois não posso me emocionar com algo que não vejo,
não ouço,
não posso tocar.
Mas o invisível também está vivo,
mesmo que só possamos imaginar.
CALEIDOSCÓPIO 1998
CAPÍTULO: PEQUENAS FACES






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